terça-feira, 25 de março de 2014

A vontade de Deus


Talvez Deus queira que nós conheçamos algumas pessoas erradas, antes de encontrarmos a pessoa certa, para que saibamos, ao encontrá-la, agradecer por esta bênção.
Quando a porta da felicidade se fecha, outra porta se abre. Porém, estamos tão presos àquela porta fechada, que não somos capazes de ver o novo caminho que se abriu à nossa frente.
O melhor amigo é aquele com quem nos sentamos por longas horas, sem dizermos uma palavra sequer, e, ao deixá-lo, temos a impressão de que foi a melhor conversa que já tivemos.
Ao darmos a alguém todo o nosso amor, nunca temos a certeza de que iremos receber este amor de volta.
Não ame esperando algo em troca. Espere, sim, que este sentimento cresça no coração daquele que você ama.
Mas, se isto não ocorrer, esteja feliz por este sentimento estar crescendo em seu coração..
Em questão de segundos nos apaixonamos por alguém.Porém, levamos uma vida inteira para esquecermos alguém especial. Não busque boas aparências, pois elas podem mudar. Só precisamos de um sorriso para transformarmos um dia ruim. Encontre aquela pessoa que faça seu coração sorrir. Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém, que o que mais queremos é tirar esta pessoa de nossos sonhos e
abraçá-la. Sonhe com aquilo que você quiser, vá para onde você quiser ir, seja o que você quer ser, porque você apenas possui uma vida e, nela, só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.
Tenha felicidade bastante para fazê-lo doce,dificuldades para fazê-lo forte, tristeza para fazê-lo humano e esperança suficiente para fazê-lo feliz. As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem é fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece para aqueles que choram, para aqueles que se machucam, para aqueles que buscam e tentam sempre e, também, para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.
O amor começa com um sorriso, cresce com um beijo e termina com uma lágrima. O futuro mais brilhante sempre estará baseado num passado esquecido.
Entretanto, você só terá sucesso na vida quando esquecer os erros e as decepções do passado.
Quando você nasceu, você estava chorando. Porém, todas as pessoas ao seu redor estavam sorrindo. Viva de um modo que, ao morrer, você seja aquele que sorri enquanto todos à sua volta choram.

E o mais importante: viva na presença de Deus quando seu tempo na Terra acabar. Aproveite seu tempo, agora, para conhecê-lo, aprender quem Ele é e quem Ele quer que você seja enquanto você está aqui.

Fonte: Sonia Gregório 

São Paulo terá mais idosos que jovens em 2030, aponta Seade


São Paulo está entre os Estados com maior proporção de idosos na população: 11,6% de seus habitantes têm mais de 60 anos. No total do país, esta participação é de 10,8% e nos demais Estados é de 10,6%. Existem mais idosas do que idosos e essa diferença aumenta com a idade. No grupo de 60 a 69 anos, existem oito homens para cada dez mulheres residindo em São Paulo, enquanto entre aqueles com mais de 90 anos essa relação é de quatro para dez.

Em 2030, a idade média na cidade deverá ser 4,37 anos maior do que atualmente

A proporção de jovens e idosos em São Paulo se inverterá em 2030, de acordo com uma projeção da Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados). Hoje, a capital paulista tem 19,73% de moradores com até 15 anos e 13,18 % com mais de 60 anos, para o total de 11.513.836 habitantes. Em 2030, quando a população chegará a 12.242.972, haverá 20,1% de idosos e 13,18% de jovens.
Pelo estudo, nos próximos 16 anos, haverá crescimento anual de 45.571 moradores e aumento médio de 0,38%, com o envelhecimento constante dos cidadãos paulistanos. Esse aumento de idade média deverá ocorrer em praticamente todos os distritos da capital, segundo a Seade.
A idade média na cidade deverá aumentar 4,37 anos, ao passar de 34,71 anos, em 2014, para 39,08 anos, em 2030. O envelhecimento maior pela idade média dos moradores será nos Distritos de Vila Andrade (6,03 anos) e Anhanguera (5,91 anos), e os menores, no Pari (2,38 anos) e Belém (2,42 anos).
Daqui a 16 anos, os distritos com as maiores idades médias da população deverão ser os mesmos de hoje: Alto de Pinheiros (42,48 anos e 47,23 anos, respectivamente) e Jardim Paulista (42,32 anos e 47,00 anos). Atualmente, a Consolação é o distrito com menos jovens, com 9,5% nessa faixa etária. No primeiro lugar, hoje aparecem Parelheiros e Jardim Ângela, com 25% da população. No futuro, Consolação e Alto de Pinheiros serão os distritos com menos jovens (10,4% e 10,3% respectivamente).

(Atualizado em 22/1/2014 às 17h54)

O envelhecimento populacional e as formas de lidar com os cuidados médicos com a população no fim da vida foi o tema da prova de redação da segunda fase da Fuvest.

Como base para a atividade, o exame mostrou uma reportagem do jornal britânco "The Guardian" com declarações do ministro das finanças do Japão em que este dizia que os custos para manter a crescente população idosa do país eram muito altos. Segue abaixo a reportagem completa.

Taro Aso referred to elderly patients who are no longer able to feed themselves as 'tube people'. Photograph: Yoshikazu Tsuno/AFP/Getty Images
 
Japan's new government is barely a month old, and already one of its most senior members has insulted tens of millions of voters by suggesting that the elderly are an unnecessary drain on the country's finances.
Taro Aso, the finance minister, said on Monday that the elderly should be allowed to "hurry up and die" to relieve pressure on the state to pay for their medical care.
"Heaven forbid if you are forced to live on when you want to die. I would wake up feeling increasingly bad knowing that [treatment] was all being paid for by the government," he said during a meeting of the national council on social security reforms. "The problem won't be solved unless you let them hurry up and die."
Aso's comments are likely to cause offence in Japan, where almost a quarter of the 128 million population is aged over 60. The proportion is forecast to rise to 40% over the next 50 years.
The remarks are also an unwelcome distraction for the new prime minister, Shinzo Abe, whose first period as Japan's leader ended with his resignation after just a year, in 2007, partly due to a string of gaffes by members of his cabinet.
Rising welfare costs, particularly for the elderly, were behind a decision last year to double consumption [sales] tax to 10% over the next three years, a move Aso's Liberal Democratic party supported.
The 72-year-old, who doubles as deputy prime minister, said he would refuse end-of-life care. "I don't need that kind of care," he said in comments quoted by local media, adding that he had written a note instructing his family to deny him life-prolonging medical treatment.
To compound the insult, he referred to elderly patients who are no longer able to feed themselves as "tube people". The health and welfare ministry, he added, was "well aware that it costs several tens of millions of yen" a month to treat a single patient in the final stages of life.
Cost aside, caring for the elderly is a major challenge for Japan's stretched social services. According to a report this week, the number of households receiving welfare, which include family members aged 65 or over, stood at more than 678,000, or about 40% of the total. The country is also tackling a rise in the number of people who die alone, most of whom are elderly. In 2010, 4.6 million elderly people lived alone, and the number who died at home soared 61% between 2003 and 2010, from 1,364 to 2,194, according to the bureau of social welfare and public health in Tokyo.
The government is planning to reduce welfare expenditure in its next budget, due to go into force this April, with details of the cuts expected within days.
Aso, who has a propensity for verbal blunders, later attempted to clarify his comments. He acknowledged his language had been "inappropriate" in a public forum and insisted he was talking only about his personal preference.
"I said what I personally believe, not what the end-of-life medical care system should be," he told reporters. "It is important that you be able spend the final days of your life peacefully."
It is not the first time Aso, one of Japan's wealthiest politicians, has questioned the state's duty towards its large elderly population. In 2008, while serving as prime minister, he described "doddering" pensioners as tax burdens who should take better care of their health.
"I see people aged 67 or 68 at class reunions who dodder around and are constantly going to the doctor," he said at a meeting of economists. "Why should I have to pay for people who just eat and drink and make no effort? I walk every day and do other things, but I'm paying more in taxes."
He had already angered the country's doctors by telling them they lacked common sense, made a joke about Alzheimer's patients, and pronounced "penniless young men" unfit for marriage.
In 2001, he said he wanted Japan to become the kind of successful country in which "the richest Jews would want to live".
He once likened an opposition party to the Nazis, praised Japan's colonial rule in Taiwan and, as foreign minister, told US diplomats they would never be trusted in Middle East peace negotiations because they have "blue eyes and blond hair".
While figures released on Monday showed a record 2.14 million Japanese were receiving welfare in October 2012, Aso has led a life of privilege few of his compatriots could hope to match.
He is the grandson of Shigeru Yoshida, an influential postwar prime minister, and is married to the daughter of another former premier.
While campaigning for the premiership in 2008, Aso refused to acknowledge the use of hundreds of allied prisoners of war by his family's coal mining business during the second world war. He served as president of the firm's successor, Aso Cement, from 1973-79.

Fonte: http://www.theguardian.com/world/2013/jan/22/elderly-hurry-up-die-japanese

segunda-feira, 24 de março de 2014

Com aumento de 80% dos casos, idosos lutam contra Aids e rejeição familiar


Índice de contaminação saltou de 4,8 (2001) para 8,7, em 2012, segundo Ministério da Saúde. Dramas de pacientes revelam que desinformação é responsável por aumento

Com tonturas, perda de apetite e quadro de depressão, Maria* foi levada pela filha ao pronto-socorro da cidade de Varginha (MG). Horas depois, viria o diagnóstico que mudaria sua relação com os filhos e família. Ela, então com 50 anos, estava com Aids. “Foi o fruto do meu segundo casamento de dez anos”, diz. Hoje, aos 63 e com sequelas motoras pelo diagnóstico tardio, Maria ainda enfrenta a negação de dois filhos. A presença do HIV na terceira idade cresceu mais de 80% nos últimos 12 anos, segundo o Ministério de Saúde. Com tímidas ações de combate à doença nessa população, o Brasil corre risco de ter cada vez mais idosos doentes.
Para o infectologista Jean Gorinchteyn, médico do Ambulatório de Aids do Idoso do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e autor do livro “Sexo e Aids depois dos 50”, ignorar a sexualidade dos idosos chegou a atrapalhar a sociedade médica em diagnósticos. "Não é só um preconceito da população. Quando os casos começaram a aparecer, em 1996, a sexualidade dessa população não era nem considerada". Doenças do próprio envelhecimento acabavam escondendo o HIV. A avaliação de pneumonias entre idosos e jovens pode ser usada como um exemplo, explica o profissional. Nos mais experientes, a doença seria justificada pela saúde frágil e mudança climática. Já nos mais novos, o quadro causa estranheza e é investigado.
Maria não está sozinha. Para ela e outras nove pacientes da Casa Guadalupe, especializada em atendimento a idosas soropositivas, em São Paulo, o uso do preservativo em relações sexuais sempre foi considerado dispensável e nada atraente. Na presença da reportagem elas conversam sobre o assunto. “Você chupa bala com papel, jovem?”, questiona Joana*, de 49. E Maria completa: “Aquilo é nojento demais”. Apesar da Aids ser prontamente relacionada a profissionais do sexo e homossexuais, apenas duas da casa eram prostitutas, mas todas desconheciam a principal função do preservativo.
“A doença não é mais exclusiva aos profissionais do sexo, homossexuais e viciados. Aqui tratamos donas de casa que por falta de informação acabaram se contaminando”, explica a enfermeira-chefe Thalita Silveira, de 25 anos. Ela explica que todas as pacientes enfrentam período de descrença já que não é uma doença da geração delas. “Acreditam que são imunes”, diz. A paciente mais velha da casa é Sônia*, de 77 anos, que contraiu a doença em 1999. Com os cabelos cuidadosamente penteados e exibindo as unhas pintadas, a idosa culpa seu vizinho, “um homem casado e com filhos”, pela doença.
Preconceitos e revolta
Descobrir ser portador de um vírus incurável é devastador. Entre pessoas acima de 60 anos, ainda pode provocar a ruptura de laços familiares. O infectologista Gorinchteyn explica que é comum a não aceitação dos filhos pela carga de promiscuidade que a Aids carrega. “Muitos contraíram em uma aventura fora do casamento ou durante relações bissexuais. Não é fácil imaginar que o vovô traiu a vovó”. O nível de revolta aumenta entre famílias tradicionais.
O caso mais marcante, segundo o médico, foi o tratamento de uma senhora de 78 anos, no Sumaré, bairro da capital paulista. “Um dia ela apresentou um quadro de anemia muito grave e descobriu-se o HIV”. Meses antes, a família havia contratado um jovem taxista para ajudá-la em idas ao supermercado e casas de amigas. “Ele virou o acompanhante da senhora e os filhos não aceitavam a postura da mãe. Acabou destruindo toda a família”, explica.
A enfermeira Thalita conta ainda que é comum os familiares rejeitarem o paciente após diagnóstico e até evitam contato físico, como um abraço ou um beijo, por medo de contágio. “Uma vez descobrimos que uma senhora era mantida em um porão da casa para não estar no mesmo convívio da família”.
Números
De acordo com o último Boletim Epidemiológico Aids e DST (2013), a taxa de detecção entre o público com mais de 60 anos por 100 mil habitantes cresceu mais de 80% nos últimos 12 anos no País. O índice de 4,8 (2001) saltou para 8,7, em 2012. Para especialistas, esse aumento é resultado de uma fraca atuação de conscientização e combate entre os idosos.
“As campanhas durante o período de Carnaval ou fim de ano usam linguajar e personagem jovens. Essas escolhas levam o idoso a não se sentir em risco”, garante Gorinchteyn. Procurado pelo iG, o Ministério da Saúde informou que a última ação voltada para a população idosa foi divulgada no Carnaval de 2009, com o “Bloco da Mulher Madura”, como continuidade à campanha de 2008.
*nomes foram alterados para preservar a identidades das pacientes
Fonte: Por Carolina Garcia - iG São Paulo 

Estatuto do Idoso completa dez anos com 6,6 milhões a mais de beneficiários

Criado em 2003, medida que beneficia população com mais de 60 anos já atinge 22 milhões de brasileiros

A aposentada goiana Ilda Maria do Carmo é daquelas que acreditam que o avanço da idade não está necessariamente associado à diminuição da disposição, por exemplo, para atividades físicas e culturais. Aos 68 anos, ela aproveita o tempo livre para ir à academia, onde, três vezes por semana, caminha na esteira e faz musculação. 
Para manter o cérebro ativo, Ilda lê revistas semanais, livros de temas variados e costuma ir a feiras de artesanato, cinemas e espetáculos musicais. Para fazer todos esses gastos caberem no orçamento doméstico, ela usa alguns dos benefícios previstos no Estatuto do Idoso, que completa dez anos nesta terça-feira (1º), como a meia-entrada em teatros, cinemas e eventos culturais.
Ilda é uma dos 6,6 milhões de idosos a mais que o benefício não atingia em sua criação, mas que hoje pode ser contemplada. Em 2003, a população de idosos no País era estimada em 15,4 milhões de pessoas. Em 10 anos, essa parcela da população saltou para 22 milhões, segundo estimativas da população do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para Ilda, a facilidade estimula essa parcela da população a ter uma vida mais prazerosa. "É bom porque a gente já tem que gastar tanto com remédios, que facilita um pouco para ter uma vida mais movimentada e até agradável. Em geral, eu fico sozinha em casa, porque minha filha sai para trabalhar, então tenho que encontrar atividades para ocupar o corpo e a mente", contou. "Muita gente fica admirada, mas eu digo que é importante. Enquanto eu puder, vou me movimentar bastante", acrescentou.
Esse tipo de benefício previsto no Estatuto do Idoso, válido para pessoas com 60 anos ou mais, é um dos principais avanços da lei na avaliação da demógrafa Ana Amélia Camarano, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Ela cita ainda a criminalização da violência contra brasileiros nessa idade e a definição de sanções administrativas para o não cumprimento dos dispositivos legais, atribuindo ao Ministério Público a responsabilidade de agir para garanti-los.
Por outro lado, a demógrafa critica o fato de o estatuto não ter estabelecido prioridades para a implementação nem fontes para o seu financiamento, como no caso da meia-entrada. Em sua avaliação, essa lacuna causa uma divisão mal planejada dos custos entre a sociedade.
“Esses dispositivos são importantes para promover a integração e a participação social da população idosa, mas com os avanços na cobertura dos benefícios da seguridade social, desde a Constituição Federal de 1988, houve uma dissociação entre envelhecimento e pobreza. Não se pode mais dizer que a população idosa é mais pobre do que a dos demais grupos etários”, disse. A pesquisadora sugere que os benefícios sejam concedidos por necessidade e não apenas em razão da idade.
Em 1994, a esperança de vida da população brasileira era estimada em 68 anos. Em 2011, ela passou para 74 anos. A pesquisadora destacou que isso tem sido acompanhado por uma melhoria das condições de saúde física, cognitiva e mental dos idosos, bem como maior participação social.
O aposentado pernambucano Eliseu Pereira, de 84 anos, também acredita que 60 anos é "cedo" para uma pessoa ser considerada idosa. Em sua opinião, graças às melhores condições gerais de vida, o evelhecimento nos dias atuais pode ser adiado, embora ressalte que esse processo ocorre em ritmo diferente para cada pessoa.
"É verdade que hoje em dia é possível demorar mais para envelhecer. Temos acesso a muitos serviços que os velhinhos de antigamente não tinham. Meu pai, por exemplo, mal sabia o que era uma academia. Já eu frequento regularmente a minha, faço pilates e sou um velho muito mais enxuto", brincou.
"Mas o envelhecimento não ocorre da mesma forma para todo mundo. Aos 79 anos, fiz uma viagem para Israel e muitos jovens que faziam parte do meu grupo não tinham a mesma disposição que eu. Deixei para trás boa parte deles que, por exemplo, não conseguiram subir o Monte Sinai", acrescentou Eliseu. Apesar disso, ele considera injusto elevar a idade mínima para que pessoas "que já contribuíram por tanto tempo para o desenvolvimento da sociedade" tenham acesso aos benefícios previstos no Estatuto do Idoso.
Fonte: Por iG São Paulo 

Filhos e netos lideram violência a idosos

Denúncias pelo Disque 100 subiram 65% em 2013. Negligência, violência psicológica e abuso financeiro são maiores queixas

Filhos e netos são os principais agressores de idosos e as mulheres são as principais vítimas, de acordo com dados de 2013 do Disque 100, o serviço gratuito de denúncias por telefone da secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República.
O número de denúncias cresceu 65,7% em 2013. Foram 38.976, contra 23.523 em 2012. O aumento é atribuído à maior divulgação do serviço, iniciado em 2011, e ao aumento da conscientização da população a respeito da proteção ao idoso.
Entre 71.358 suspeitos de agressão mencionados nas denúncias, os filhos foram apontados como agressores em 36,6 mil vezes, ou 51,5% do total. Os netos estão entre os responsáveis por 5,9 mil casos, ou 8,25%. As vítimas são do sexo feminino em 28,3 mil, ou 64% dos casos. “É natural que filhos e netos sejam a maioria dos agressores porque são os que estão mais próximos. Infelizmente, a violência vem de quem tem oportunidade”, afirma a promotora Cláudia Maria Beré, do Ministério Público de São Paulo (MP-SP).
A predominância dos casos em âmbito familiar reflete a dependência da renda dos idosos, avalia Neusa Müller, coordenadora geral dos direitos da pessoa idosa da SDH. “A população idosa sustenta muitas famílias. O País tem uma das maiores coberturas previdenciárias do mundo. Nas regiões menos favorecidas, isso gera conflito não só intrafamiliar, por ele ser o provedor, mas quando chega em idade e nível de maior dependência é vítima de violência financeira.”
A maior vitimização feminina reflete os dados populacionais. De acordo com o Censo de 2010, dos 20,6 milhões de habitantes com mais de 60 anos do País, 11,4 milhões são mulheres e 9,1 milhões, homens. A predominância levou a SDH a se articular por um projeto de lei para propor alteração na linguagem jurídica. A ideia é adotar a expressão “pessoa idosa” em vez do termo “idoso”, que dá nome hoje ao estatuto, ao conselho nacional e à lei de políticas para os maiores de 60 anos.
A mudança, segundo Neusa, serviria para “igualar procedimentos e dar visibilidade à mulher, não só ao homem”. Além disso, revela os efeitos da criminalidade sobre a população masculina e a falta de preocupação dos homens com a saúde. “Há mais mulheres e a tendência é que tenhamos muito mais. A mulher historicamente vem se cuidando mais e morrem muito mais adolescentes e jovens homens do que meninas, em decorrência da violência”, diz Neusa.
Principais casos
Uma mesma denúncia pode envolver vários casos de violência. A negligência aparece na maior parte deles. Foram, 29,4 mil registros ou 75% do total. A mais recorrente é falta de amparo e responsabilização, seguida de negliência em alimentação e limpeza, em higiene e em assistência à saúde. A promotora Cláudia Maria Beré chama a atenção para casos de autonegligência, que ainda tem números pequenos, com registros em crescimento ano a ano. É o que acontece com idosos que se isolam para evitar incômodo aos parentes e amigos.
Há casos em que familiares entram com representação no Ministério Público para poder oferecer ajuda. “Há idosos que querem morar sozinhos e conseguem enquanto têm independência. Só que às vezes por problemas de saúde, como Alzheimer, ou transtorno mental, já não podem se cuidar direito e muitas vezes afastam as pessoas”, detalha a promotora. Houve 197 denúncias de autonegligência em 2013, 151 em 2012 e 40 em 2011.
Cládia Maria aponta ainda que os casos de negligência estão ligados à falta de disponibilidade das famílias para cuidar dos idosos e diz que há filhos que retribuem o abandono que sofreram na infância. Segundo ela, faltam serviços públicos que ofereçam cuidado e acompanhamento enquanto os familiares não podem estar presentes. 
No ranking de violência contra idosos figuram também, nesta ordem, a psicológica (citada 21.832 vezes, ou 56% dos casos), o abuso financeiro (16.796 vezes, 43% dos casos) e a violência física (10.803, 27,72%).

    O abuso financeiro costuma acontecer quando o idoso se torna mais dependente dos familiares para resolver questões do dia a dia. Neusa, da SDH, alerta que além do abuso, que pode ser associado à violência física e psicológica em ambiente doméstico, a culpa por ter criado o autor das agressões prejudica ainda mais o quadro de saúde dos idosos. "Temos idosos que vão a óbito em decorrencia de depressão e de desencanto pela vida por se saber vítima dos próprios filhos."
    Fonte: Por Clarice Sá - iG São Paulo