quarta-feira, 30 de junho de 2021

Carreira na Terceira idade - empresas criam programas para recrutar profissionais com + de 50 anos

  • No Dia do Idoso, as empresas como Unilever, Votorantim, Vivo e Gol criaram ações para contratar profissionais mais experientes.

“É extremamente frustrante você se candidatar a vagas e na maioria das situações não receber sequer uma resposta à sua apresentação”, diz Robert Hess. Há um mês e meio, no entanto, ele enfim conseguiu uma vaga de estágio da Unilever, pondo um fim ao calvário da busca de emprego.

A dificuldade de encontrar trabalho, realidade para 12,6 milhões de brasileiros, atinge em cheio quem está começando a carreira e, portanto, ainda não tem experiência para comprovar. Mas não só os novatos.  Os veteranos, com currículos mais robustos, também enfrentam situação crítica no mercado de trabalho.

Hess, o autor da frase que abre essa reportagem, tem 62 anos,  e esteve nesses dois lugares de dificuldade ao mesmo tempo. Engenheiro mecânico e administrador, ele é um estagiário com experiência de gerente geral em duas empresas.

Embora, pesquisa do Ipea mostre  que o crescimento do desemprego de longo prazo é maior entre os jovens, 27,3% dos desocupados com mais de 40 anos, insistem sem sucesso na busca por trabalho há pelo menos dois anos. No caso de Hess, foi preciso recomeçar uma nova carreira do zero.

“A iniciativa de voltar à sala de aula me abriu a possibilidade de poder participar desta iniciativa da Unilever com o programa para Estagiários Seniores”, diz ele que é estudante de ciências contábeis.

A Unilever criou  programa específico para contratar profissionais com mais de 50 e o interesse no programa dá a dimensão da necessidade de ações voltadas  para esse grupo etário. “A divulgação começou a ser feita em maio de 2019 e teve grande repercussão, com alcance cinco vezes maior se comparado ao programa de estágio tradicional. Recebemos mais de 1.000 inscrições”, diz Fernando Rodrigueiro, diretor de Recursos Humanos da Unilever.

O programa Senhor Estagiário da Unilever segue as mesmas premissas de um programa de estágio tradicional só que com o público alvo veterano. “É para desenvolver e preparar profissionais para o mercado de trabalho. O principal foco do programa é a inserção de pessoas com mais de 50 anos que voltaram a estudar em busca de novas oportunidades”, diz Rodrigueiro. O processo seletivo não requer experiência profissional anterior, como acontece com programas de estágio tradicionais. Maiores informações sobre o processo podem ser encontradas no site da Unilever.

Rogério Galeto Ramos, de 70 anos, assistente administrativo no Centro de Excelência da Votorantim em Curitiba (PR) também enxerga semelhanças entre os desafios enfrentados por ele e pelos jovens no mercado de trabalho.  “Encontrar um emprego na terceira idade é a mesma coisa que acontece com o primeiro emprego. Não olham a experiência, mas apenas enxergam a idade”, diz.

Ele é um dos 12 profissionais recrutados pela Votorantim por meio do programa MIME: Melhor idade, melhor emprego. As vagas do MIME são para trabalhar em Curitiba e podem participar profissionais acima de 45 anos, próximos da aposentaria ou aposentados que buscam uma renda complementar.

O horário de trabalho do programa da Votorantim, implementado em 2010, é após às 17hs, para possibilitar que os funcionários possam ter outras atividades durante o dia. “Sou aposentado desde 2009 e durante o dia cuido dos meus netos”, diz Ramos. As vagas para o MIME podem ser conferidas pela plataforma Kenoby.

Empregando mais de 1,8 mil funcionários com mais de 50 anos, a Gol lançou em 2017 o programa “Experiência na Bagagem” para recrutar profissionais 50+ para todas as vagas na empresa. “Eles sabiam o que procuravam e buscavam pessoas como eu, com as minhas qualificações. Há vida útil no início da terceira idade”, diz Marli Elaine Da Silva, de 56 anos, contratada como auxiliar de aeroporto.

Profissionais na faixa etária de Marli já eram valorizados pela Gol antes mesmo de surgir da criação do programa de recrutamento, garante Jean Nogueira, diretor de Gente e Cultura da GOL. Estudos internos da empresa indicaram que os funcionários mais velhos tinham mais do que só bagagem de currículo: eram mais comprometidos e motivados.  “Observamos também que eles têm aptidão para assumir postos que em outras ocasiões exigiriam treinamento prévio para pessoas mais jovens “, diz o diretor da Gol. As oportunidades do programa são anunciadas pelo Vagas.com 

A satisfação de estar trabalhando transparece em todos os depoimentos colhidos pela revista EXAME. “Estou muito feliz, amando o ambiente de trabalho”, diz Jardelina de Oliveira, recepcionista da Vivo, desde junho deste ano.

Seu maior medo era justamente continuar fora do mercado de trabalho, aos 62 anos. “Quando se trabalha desde jovem, a gente se sente quase inútil por não estar mais trabalhando. Eu precisava trabalhar, tanto pela necessidade financeira quanto pela de se sentir viva, aceita e capaz”, diz Jardelina.

O projeto 50+ da Vivo tem estimulado a contratação em lojas da operadora de pessoas nessa faixa etária. “Temos mais de 20 colaboradores no projeto”, diz Niva Ribeiro, VP de Pessoas da Vivo. Na empresa, 6% dos colaboradores têm mais de 50 anos e interessados em aumentar esse contingente podem conferir oportunidades divulgadas na plataforma Gupy.

A troca de conhecimento entre as gerações é a principal vantagem da diversidade etária para os negócios, segundo a executiva da Vivo. “Eles possuem várias qualidades complementares aos jovens, tanto pessoal quanto profissional, trazendo elementos fundamentais para o negócio”, diz ela que também cita o comprometimento como vantagem competitiva dos mais velhos.

Iniciativas de inclusão dos mais velhos no mercado são tão necessárias quanto urgentes no Brasil que está envelhecendo. Em 2030, será 29,6 milhões de pessoas com mais de 60 anos no país e teremos a quinta população mais idosa de todo mundo. Abraçar a causa da longevidade é a missão da Maturijobs que, desde 2015, conecta profissionais com mais de 50 a empresas com vagas para eles.

Foi pela plataforma que Marisa Lopes, de 61 anos, conseguiu emprego, após ouvir “não” mais de dez vezes de empresas para as quais se candidatou.

“Todos esses ‘nãos’ aconteciam depois que eu revelava minha idade no primeiro contato telefônico dos recrutadores comigo. Nem chegávamos a falar pessoalmente”, conta ela que está trabalhando como consultora na área de qualidade da Mundipharma.

A chefe de recursos humanos da Mundipharma Brasil para a América Latina, Karina  Freitas, diz que recrutar profissionais mais experientes tem sido um sucesso. Além de Marisa, mais um colaborador conseguiu emprego no setor de finanças da empresa com a conexão via Maturijobs. “Nosso aprendizado é que a maturidade traz sabedoria de vida, além das competências técnicas e isso é muito enriquecedor para todos”, diz Karina.

O que esses profissionais ensinam e o que aprendem

Veja o que quatro profissionais, de 50 a 70 anos, de diferentes áreas e empresas dizem ensinar e aprender com as novas gerações:

“Acredito que o principal que podemos passar aos mais jovens é o aprendizado adquirido ao longo dos anos, com os equívocos e tropeços. O que tiramos daquilo, quando achávamos que aquelas eram as verdades absolutas, e da importância do encerramento de capítulos quando o idealizado não deu certo. E isto vale tanto para a vida profissional quanto para a pessoal. Quanto ao meu aprendizado com os mais jovens, creio ser a audácia e a criatividade na busca da solução dos problemas que se apresentam. Mas tenho que reconhecer, não é uma tarefa tão simples assim”

Robert Hess, 62 anos, estagiário da Unilever

"Ensinamos equilíbrio e serenidade na tomada de decisões e em momentos de crise. A juventude me ensina com a leveza, alegria e desprendimento com coisas que a minha geração considerava muito importante”

Marli Elaine Da Silva, 56 anos, auxiliar de aeroporto da Gol

"Acredito que nós podemos transmitir para os jovens a importância de se ter mais ter um pouco mais de paciência, pois eles querem tudo pra ontem. Os jovens de hoje em dia nos ensinam em todo o tempo, dando-nos coragem para arriscar mais, acreditar em você mesmo. Essa geração é ousada, intrépida”

Jardelina Lourdes de Oliveira, 62 anos, recepcionista de Loja da Vivo

"Ensinamos que é muito importante saber escutar e não apenas ouvir. A pressa para resolver as tarefas acaba levando muita gente, sobretudo os mais jovens, a se precipitar e agir com ansiedade para resolver logo uma questão. É claro que existem questões prioritárias, urgentes, mas agir com afobação é a receita para errar.  Outro aspecto que a vida nos ensinou é: não gaste tempo com desculpas pelos erros cometidos. Busque resolver o que ficou pendente e tire lições positivas de cada deslize. Em termos de aprendizados que eu tive, posso dizer que minha evolução digital. Aprendi novos termos na comunicação, a usar melhor os apps, etc”

Marisa Lopes, 61 anos, consultora de qualidade da Mundipharma


FONTE:  https://exame.abril.com.br/carreira/

terça-feira, 15 de junho de 2021

Reabilitação Pós Tratamento Hospitalar de Covid-19


O programa de reabilitação Pós-Covid é indicado para pacientes que evoluíram com fraqueza muscular, dificuldade da marcha, limitações físicas, perda de força e equilíbrio, além de déficits neurológicos em decorrência tanto da internação prolongada, quanto das sequelas diretas da doença.

O processo de reabilitação tem como objetivo o alívio da dor, a recuperação funcional articular, o ganho de massa muscular e o restabelecimento da amplitude articular. O paciente deve ser acompanhado por fisioterapeutas especializados que se utilizam de protocolos específicos visando principalmente devolver ao paciente qualidade de vida e um retorno pleno de suas atividades diárias.

Sintomas associados ao COVID

Sintomas Não-neurológicos

  • 85% Fadiga
  • 47% Depressão ou ansiedade
  • 46% Falta de ar
  • 37% Dor no peito
  • 33% Insônia
  • 30% Variação de pressão
  • 29% Queixas gastrointestinais

Objetivos da Reabilitação

  • Alívio da dor
  • Restabelecimento da amplitude muscular
  • Ganho de massa e tônus muscular
  • Equilíbrio funcional
  • Melhora da capacidade pulmonar

Objetivos da atenção domiciliar na reabilitação das sequelas 

Sistema de home care e equipe interdisciplinar pode ser necessário para tratar os diferentes problemas decorrentes da doença.

Mesmo passadas semanas ou meses da recuperação da fase aguda da Covid-19 muitos pacientes precisam receber acompanhamento, e nessa fase é que o serviço de atenção domiciliar é importante, pois permite ao paciente continuar o tratamento com uma equipe interdisciplinar, que faz uma análise conjunta de suas necessidades para proporcionar uma assistência integral à saúde. E a reabilitação é toda feita em casa, evitando o risco de novo contágio em ambientes ambulatoriais.

Sequelas Pós Covid-19 e sua respectiva reabilitação

A dificuldade para respirar (a dispneia) após pequenos esforços está entre as principais sequelas da Covid-19. Nesses casos, o paciente precisa de uma reabilitação específica para recuperar a aptidão física e a tolerância ao esforço, o que inclui a prática de exercícios respiratórios.

Nos quadros mais graves, o paciente fica temporariamente dependente do oxigênio extra. Durante essa fase, os cilindros são fornecidos pela empresa de atenção domiciliar. Ao apresentar melhoras, o paciente é submetido a uma reabilitação gradual a fim de respirar sozinho.

A fraqueza muscular é outra sequela importante, principalmente em internações superiores a 15 dias. Nos setores de isolamento, os pacientes não têm permissão de sair do leito e perdem a massa muscular e a motricidade. Nos casos graves, podem desenvolver polineuromiopatia, uma disfunção nos nervos periféricos que dificulta os movimentos. A sequela pode ser causada ainda pelo uso de bloqueadores neuromusculares, medicamentos que paralisam os músculos dos pacientes em ventilação mecânica.

Além da fisioterapia, a recuperação requer acompanhamento nutricional. Nutricionistas alinham com a equipe médica o aporte calórico e proteico necessário. Em pacientes com a função renal preservada, a programação alimentar deve contemplar no início entre 1,9 grama e 2,5 gramas de proteína por quilo de peso corporal. A dieta sofre ajustes até a recuperação total.

Psicólogos, que integram as equipes interdisciplinares, também podem dar suporte a pacientes e familiares que apresentam depressão, ansiedade e outros distúrbios mentais após a Covid-19. O que não é incomum.

Embora exista no Brasil há décadas, a atenção domiciliar ganhou outro patamar com a pandemia. Ela oferece em casa cuidados às pessoas curadas da doença, de modo a evitar que esses pacientes tenham de permanecer em hospitais, onde, mais do que nunca, precisamos de leitos disponíveis para dar assistência aos infectados pelo coronavírus.


FONTE: Revisão bibliográficas (revista veja)

segunda-feira, 14 de junho de 2021

COVID-19 - Coronavírus


O coronavírus é uma grande família de vírus que causam doenças que variam do resfriado comum a doenças mais graves, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV). A COVID-19 é a doença do coronavírus provocada pela nova cepa descoberta em 2019, que não havia sido identificada anteriormente em seres humanos.

Transmissão: 

A transmissão se dá pelo contato com gotículas de uma pessoa infectada, seja por meio da tosse, do espirro ou mesmo da fala. Uma pessoa saudável pode respirar as gotículas infectadas e assim se infectar ou, depois de tocar superfícies infectadas, levar suas mãos aos seus olhos, nariz e boca, se contaminando.

É importante saber que uma pessoa infectada pode levar até 14 dias para apresentar sintomas. Mesmo sem os sintomas, essa pessoa pode transmitir a doença.


Sintomas mais comuns:
febre
tosse seca
cansaço

Sintomas menos comuns:
dores e desconfortos
dor de garganta
diarreia
conjuntivite
dor de cabeça
perda de paladar ou olfato
erupção cutânea na pele ou descoloração dos dedos das mãos ou dos pés

Sintomas graves:
dificuldade de respirar ou falta de ar
dor ou pressão no peito
perda de fala ou movimento
Procure atendimento médico imediato se tiver sintomas graves. Sempre ligue antes de ir ao médico ou posto de saúde, clínicas ou hospitais.
Pessoas saudáveis que apresentarem os sintomas leves devem acompanhar seus sintomas em casa.
Em média, os sintomas aparecem após 5 ou 6 dias depois de ser infectado com o vírus. Porém, isso pode levar até 14 dias.

Tratamentos:

Até o momento, não há tratamento específico com medicamentos antivirais para combater o novo coronavírus. O tratamento se baseia no alívio dos sintomas. Pessoas com febre, tosse e dificuldade em respirar devem procurar orientação médica.

O mundo se empenha no controle pela vacina contra o novo coronavírus, mas os desafios são imensos. 

Prevenção:

Proteja a si mesmo e as pessoas ao seu redor conhecendo os fatos e tomando as precauções apropriadas. Siga os conselhos da autoridade local de saúde.

Para evitar a propagação da COVID-19, faça o seguinte:

Lave suas mãos com frequência. Use sabão e água ou álcool em gel.
Mantenha uma distância segura de pessoas que estiverem tossindo ou espirrando.
Use máscara quando não for possível manter o distanciamento físico.
Não toque nos olhos, no nariz ou na boca.
Cubra seu nariz e boca com o braço dobrado ou um lenço ao tossir ou expirar.
Fique em casa se você se sentir indisposto.
Procure atendimento médico se tiver febre, tosse e dificuldade para respirar.

Ligue com antecedência para o plano ou órgão de saúde e peça direcionamento à unidade mais adequada. Isso protege você e evita a propagação de vírus e outras infecções.

Máscaras

Quem usa máscara pode ajudar a prevenir a propagação do vírus para outras pessoas. Isoladamente, as máscaras não são uma proteção contra a COVID-19, e o uso delas deve ser combinado com o distanciamento físico e a limpeza das mãos. Siga as orientações da autoridade local de saúde.

Autocuidados

Após a exposição a uma pessoa com COVID-19, siga estas orientações:

Ligue para seu prestador de cuidados de saúde ou para uma central de informações sobre a doença para descobrir onde e quando você pode fazer um teste.
Informe outras pessoas com quem você teve contato para impedir a propagação do vírus.
Caso não seja possível fazer o teste, fique em casa e pratique o distanciamento social por 14 dias.
Enquanto estiver em quarentena, não vá ao trabalho, à escola ou a espaços públicos. Peça para alguém levar itens essenciais até você.
Mantenha pelo menos um metro de distância de outras pessoas, incluindo membros da sua família.
Use uma máscara para proteger os outros, até mesmo se/quando você precisar procurar atendimento médico.
Higienize as mãos com frequência.
Fique em um cômodo separado dos outros membros da sua família. Se isso não for possível, use máscara.
Mantenha o ambiente bem ventilado.
Se você divide o quarto com alguém, deixe um metro de distância entre as camas.
Preste atenção por 14 dias para ver se você apresenta sintomas.
Ligue para o prestador de cuidados de saúde imediatamente se você apresentar qualquer um destes sintomas: dificuldade para respirar, perda da fala ou da mobilidade, confusão ou dores no peito.
Mantenha contato com seus entes queridos por telefone ou on-line e faça exercícios para manter o pensamento positivo.

Reabilitação e Superação:

Mesmo passadas semanas ou meses da recuperação da fase aguda da Covid-19 , muitos pacientes precisam receber o acompanhamento de profissionais de saúde para tratar fraqueza, falta de ar, perda muscular e outras sequelas da doença.
Problemas de saúde mental também são comuns, por isso é importante fazer acompanhamento com psicólogos e reduzir o estresse e promover o bem-estar.

FONTE: Revisão bibliográficas (Covid.saúde.Gov.br)

domingo, 13 de junho de 2021

2020: ano de muitos desafios, aprendizados e resultados

Se 2020 tivesse sido um ano normal, daquele velho normal, por esses dias estaríamos lembrando alguma celebridade olímpica superando recordes, megashows e exposições, discursos em grandes eventos públicos, aquela viagem memorável de férias, protestos nas ruas, conflitos entre países,e corrupções política.

Ainda que muitas dessas cenas tenham acontecido, a retrospectiva de 2020 é muito menos diversa que as anteriores. Quase tudo girou em torno do coronavírus, oficialmente identificado pela OMS em 31 de dezembro de 2019, após relatos vindos de Wuhan, na China, de uma estranha onda de "pneumonia viral".

Nas semanas seguintes, começaram a aparecer notícias de contaminados pela "doença respiratória misteriosa" –assim foi o título do primeiro registro do jornal Folha de S.Paulo, em 17/01/2020 –, que passou a ser a Covid-19, causada pelo Sars-Cov-2, "o novo coronavírus", que, enfim, virou apenas "o vírus".

Na mesma velocidade em que se tornava famoso, ia cancelando tudo pela frente. A partir de março, sua circulação foi escancarada no Ocidente, e o patógeno interrompeu desde planos individuais até os maiores eventos globais. Por fim, dominou os debates, e noticiarios.

A pandemia sem dúvida interferiu nas negociações, e se torno normal ouvir as pessoas se queixando: 

“2020 acabou com tudo”, 
“2020 foi um ano perdido”, 
“2020 a maior crise da história”, 

E assim vai. Não há dúvida de que a crise sanitária gerou uma crise econômica sem precedentes, sobretudo para os comerciantes. A pandemia sacudiu o mundo, acelerando processos e, principalmente, fazendo-nos mudar. Tivemos, compulsoriamente, portanto, que pensar e fazer diferente.
Ano de descobertas
2020, foi um ano de descobertas. As pessoas descobriram que podiam fazer compras do supermercado pela internet. As mães descobriram que faz sentido acompanhar o que seus filhos fazem na escola mais de perto, professores descobriram que a educação a distância faz sentido sim. Empresários descobriram que precisam rever processos e comerciantes perceberam que o comércio eletrônico é, de fato, um concorrente real.

A verdade é que crise não se resolve durante a crise. Você já deve ter ouvido uma lição básica sobre educação financeira que diz o seguinte: é fundamental termos uma reserva financeira com liquidez imediata para conseguir sobreviver pelo menos 6 meses. Quem de nós fez ou faz isso? Em resumo, empresas ruins morrem na crise, empresas boas sobrevivem a crise e empresas excelentes crescem na crise.

Assim, o 2020 foi se transformando, com queda de projetos e surgimento de outros, como as UTIs criadas em contêineres. 

Com o desemprego em massa e o vaivém profissional sendo afetado, o que dizer das viagens de lazer? Segundo a Organização Mundial do Turismo, agência da ONU, foram 900 milhões de turistas internacionais a menos de janeiro a outubro, na comparação com o ano precedente, queda de 72%, levando o setor a patamares de 30 anos atrás.

Os países se fecharam, o tráfego aéreo diminuiu bruscamente, e atrações foram desprogramadas. Outra vítima foi a Olimpíada de Tóquio, um dos adiamentos mais dramáticos ao acabar com a preparação de 11 mil atletas, um impacto financeiro, que vai custar aos japoneses mais US$ 2,8 bilhões, que se somam aos gastos do que deve ser a Olimpíada de verão mais cara da história.

E, se até esses grandes projetos foram derrubados pelo vírus, é difícil agora pensar no lado emocional e psicológico da população, uma data que podemos analisar é o Natal e o Ano Novo. Na Europa, países como Alemanha, Itália, Espanha, França, Reino Unido e Holanda adotaram série de medidas, de toques de recolher a lockdowns nacionais, para limitar deslocamentos e comemorações e evitar que o período de festas faça subir ainda mais os contágios.

Mas, segundo a filósofa e escritora Michela Marzano, esse cancelamento tem significado mais profundo, por mexer diretamente com o psicológico da população, envolvendo religião e costumes. "Depois de tudo, praticamente um ano de pandemia, todos nós esperávamos poder viver um Natal 'normal'. Gostaríamos de vivê-lo como um momento de reencontro e recomeço.
Quem é o culpado?
Difícil, ao ver uma máscara jogada no chão ou a quantidade de embalagens dos deliverys de comida jogadas de forma incorreta, e não pensar na emergência climática.

Escuto muita gente tentando encontrar culpados. A propósito, nós, seres humanos, somos muito bons nisso. Se fossemos tão bom em fazer planejamento quanto somos em culpar pessoas, talvez as coisas fossem um pouco diferentes. Falando em culpa, virou quase um clichê, não é? Tudo é culpa do covid. Estou triste, culpa do covid. Estou desempregado, culpa do covid. Estou doente, culpa do covid. Não tenho dinheiro, culpa do covid. E o covid? Culpa do governo. Nunca, entretanto, a culpa é nossa.

Para Marzano, professora na Universidade de Paris-Descartes, a pandemia nos leva de volta à realidade, após anos de deslocamentos em que avançamos em muitos aspectos e vividos com intensidade. "Do ponto de vista filosófico, temos a prova do fato que existem coisas que não podemos controlar." 

Fonte: revisão bibliográficas, artigos diversos.