Se você está procurando um novo emprego, não basta ter uma formação de qualidade, boas experiências profissionais ou até mesmo as competências mais desejadas pelo mercado. É preciso saber apresentar tudo isso com eficiência — ser capaz de organizar o seu conteúdo profissional no formato adequado.
Em termos práticos, isso começa pela construção de um currículo organizado, claro e sucinto. O CV é um documento complementar para o seu perfil, enquanto as redes sociais permitem estabelecer e aprofundar conexões, além de acessar notícias e pontos de vista para ser bem-sucedido na sua área de atuação, o currículo faz o papel de um "cartão de visitas" em processos seletivos.
Por isso, na hora de fazer o CV, é importante prezar pela simplicidade. É recomendando o modelo tradicional, simples e de fácil comparação, já que os recrutadores usam o CV para decidir quais candidatos se encaixam ou não naquela vaga.
Mas como garantir que o recrutador encontrará facilmente as informações necessárias para entender se o seu perfil deve ser analisado com mais calma? A chave está em conhecer a estrutura básica do documento e usá-la como guia para organizá-lo.
Segundo especialistas de Recursos Humanos, o CV deve começar com as informações pessoais do candidato, como nome, contato, bairro e cidade. "Colocar a idade, estado civil ou existência de filhos é uma escolha pessoal, só vale incluir se você achar importante", explica ele.
Em seguida, deve aparecer um breve resumo de qualificações, o que pode incluir alguma conquista relevante na sua carreira, bem como o seu objetivo profissional.
Logo abaixo você pode listar as suas experiências profissionais, começando do emprego ou projeto mais recente para o mais antigo, sempre com os respectivos cargos e datas de início e término de cada vínculo. "Minha dica é explicitar todos os cargos que você ocupou em uma empresa, pois a evolução dentro de uma mesma companhia é algo bem relevante para um recrutador", afirma os especialistas.
A seguir, vale incluir formação acadêmica e idiomas. Nesse ponto, no caso de profissionais que estejam em início de carreira — para os quais a formação e os idiomas valem mais que a experiência — a dica do especialista é inverter a ordem e passar essas informações para a primeira página.
Por último, vale acrescentar informações adicionais, como outros cursos, trabalhos voluntários, experiências de intercâmbio, entre outras. Vale lembrar que concisão é importante: um bom currículo costuma ter de duas a três páginas, no máximo, a depender do seu tempo de carreira. "Para cargos iniciais, uma página normalmente será o suficiente".
É importante não deixar nenhuma informação de fora — isto é, ser completo. Ao mesmo tempo, é preciso evitar que o CV fique longo demais — ou seja, ser conciso.
Encontrar esse ponto de equilíbrio exige uma análise criteriosa. Segundo Thiago Sebben, sócio-diretor da consultoria de recrutamento Talent Search, o segredo é passar um "pente fino" no documento de olho na relevância de cada informação.
Também vale apostar em uma formatação leve e arejada, com espaços entre cada fragmento de texto. Em vez de escrever um longo parágrafo para cada seção, use itens no resumo das qualificações e no histórico profissional, por exemplo. "Isso tornará o material mais didático, enxuto e amigável para o recrutador".
Thiago também recomenda a estratégia de incluir os resultados obtidos em cada experiência profissional. Isso porque, ao falar de conquistas e feitos concretos, você torna o seu perfil mais "vivo" e palpável para o recrutador.
Outra dica é evitar as repetições. Algumas rotinas são exatamente as mesmas quando trocamos de empresa, mas não de cargo, então não é necessário incluir de novo as mesmas palavras para falar das suas experiências, Se for o caso, uma possibilidade é descrever a experiência recente de forma mais completa e usar palavras-chave nas demais.
▶ O que é melhor deixar fora do currículo?
Para fisgar a atenção do recrutador, é importante saber quais informações não merecem o exíguo e precioso espaço do seu currículo, onde não faz sentido anexar sua foto e nem citar dados como endereço completo, RG, CPF, data de nascimento ou hobbies.
A autoavaliação comportamental — descrever a si mesmo como alguém "resiliente", "determinado" ou "apaixonado por desafios", por exemplo — também não é recomendada.
Não é costume levar em consideração autoavaliações comportamentais, pois buscam fatos comprováveis no CV, e não afirmações subjetivas da entrevista.
Uma outra opção, é citar algum fato da sua carreira que demonstre, por si só, que você tem uma certa habilidade comportamental.
Mais números e exemplos — e menos adjetivos — podem ajudar a garantir mais objetividade ao documento, minimizando um possível tom de "autoelogio" que pode surgir involuntariamente ao falar das suas próprias qualidades pessoais.
▶ Os erros mais comuns (e fáceis de evitar)
Mentir é um erro fatal em qualquer etapa de um processo seletivo, e o currículo não é exceção a essa regra. Não vale a pena escrever no CV que você é fluente em um idioma quando na verdade o seu nível ainda é básico; é perigoso esconder demissões ou empregos que duraram pouco; não é uma boa ideia inventar qualificações ou diplomas que você nunca teve.
Além de ser uma falha ética, a mentira no currículo é uma tática falível, que pode ter consequências muito negativas a médio e longo prazo. "Quando o recrutador descobre um dado que foi propositadamente 'maquiado', a credibilidade do candidato cai brutalmente"
A transparência e a honestidade são características essenciais para construir uma carreira bem-sucedida no longo prazo.
É melhor ser rapidamente desclassificado, se de fato você não tiver o perfil para a vaga, do que ser "desmascarado" em um momento mais tardio do processo seletivo.
Descuidar da norma culta da língua é outro deslize frequente. Para não deixar passar erros ortográficos ou gramaticais, vale usar um corretor automático, reler várias vezes o texto e pedir para outras pessoas fazerem revisões adicionais.
Se você está se candidatando a diferentes empresas, vale fazer um CV personalizado para cada uma, levando em conta a sua cultura e as características da vaga pleiteada, mas é preciso cuidado para não exagerar na customização.
"O mercado não busca um candidato que interpreta um 'personagem' diferente para cada empresa a que se candidata, o melhor é ser você mesmo, pois há uma chance muito maior de encontrar um lugar que realmente combine com seu perfil e no qual será feliz".
A redundância e a irrelevância são os dois maiores pecados que um candidato pode cometer no currículo. "Evite colocar cursos ou projetos que não agregam nada para a vaga" e também não precisa incluir uma experiência muito antiga, como um primeiro estágio, se você já tem muitos anos de carreira".
▶ De júnior a sênior: como adaptar o CV para cada fase da carreira?
Objetividade, concisão e transparência são exemplos de boas práticas para o currículo que valem em qualquer momento da trajetória profissional.
Mas há algumas recomendações especiais para quem ainda é estudante ou recém-formado ou, na outra ponta, para quem já acumula muitas décadas de experiência.
No caso dos jovens, uma dificuldade frequente é acreditar que a trajetória ainda é curta demais para "rechear" o documento. A dica de Tiago Mavichian, CEO e fundador da Companhia de Estágios, é construir o currículo dando peso para as suas informações acadêmicas e interesses.
"O candidato a um estágio, por exemplo, pode apontar no currículo o que ele busca e por que deseja a vaga", afirma ele. O jovem pode ir além da graduação ou curso técnico: o CV pode (e deve) incluir cursos complementares, como Excel e inglês, além de palestras, treinamentos e eventos on-line.
Outro conselho é mencionar trabalhos voluntários de que você já participou ou ainda participa, o que inclui uma possível atuação na empresa júnior da faculdade, na atlética ou em qualquer outra entidade estudantil.
"Também vale colocar conquistas, como ter ganhado uma olimpíada de matemática ou um concurso de literatura, e algo relacionado a hobbies, como esportes, hábitos para relaxar, uso do tempo livre", afirmam os especialistas. "Esse tipo de informação mostra muito da personalidade do jovem".
Pela razão oposta à dos jovens, profissionais sênior (+50) podem sentir dificuldade na hora de fazer o currículo por medo de escreverem um documento longo demais, cansativo ou com muitas informações. Segundo Lilian Sanches, fundadora do projeto de inclusão Colab50+, a saída para quem tem mais experiências profissionais é ver o CV como uma oportunidade de contar a sua história.
"Você precisa começar chamando atenção, isto é, trazer um resumo bem elaborado, com até 10 tópicos, com foco nos principais resultados e experiências, mas não necessariamente nos mais recentes, em seguida, vale mostrar a solidez das suas experiências e fechar com um 'grand finale', que é o motivo pelo qual a empresa deve contratar você".
Seguir a lógica do "storytelling" pode ser muito útil para profissionais que têm longas trajetórias, já que a maioria das pessoas se apega meramente a datas. É desnecessário, por exemplo, trazer informações que ponham foco na idade, como quando ocorreram formações ou experiências. "Você pode mencionar por exemplo que atuou durante 6 anos em determinada empresa, no lugar de colocar data inicial e final", recomenda ela.
O maior erro que um profissional sênior pode cometer no CV é omitir suas iniciativas de atualização, de cursos online a novas ferramentas e metodologias. "Para quebrar o estigma cultivado por muitas empresas, que ainda rotulam os mais velhos como defasados, é necessário provar que isso não é uma realidade", diz especialistas.
Há oportunidades apesar da pandemia. Além de caprichar no currículo, é importante manter sua rede de contatos em dia para conquistar a sua próxima oportunidade.
Fonte: Extraído de um curso do LinkedIn Learning 2021.
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