sábado, 31 de maio de 2014

Centro de Referência do Idoso oferece atividades para a terceira idade

Local também é referência médica para as UBS, que encaminham pacientes

"A atividade física que eu faço aqui é muito importante. Pra nós, da terceira idade, esse é o melhor método para cuidar do corpo". É com as aulas de dança que faz no CRI Norte, o Centro de Referência do Idoso da Zona Norte, que Namie Ikenaga, de 67 anos, mantém a saúde em dia.

Inaugurado em 2005, o local é fruto de uma parceria entre a secretaria de da Saúde e a Organização Social de Saúde Associação Congregação de Santa Catarina (OSS/ACSC).

Além de oferecer atividades para os moradores idosos do entorno, o centro é referência para as Unidades Básicas de Saúde (UBS) da região, que encaminham pacientes com 60 anos ou mais para fazer acompanhamento médico no CRI.

A prática dessas atividades na terceira idade amplia o convívio social, como afirma o músico-terapeuta e educador do CRI, Paulo Ricardo Betencourt. "A gente trabalha muito a questão da sociabilização. Muitos chegam aqui com depressão e só a possibilidade de estar com outras pessoas e trocar ideias já é um ganho", explica. Além das aulas de dança, há também cursos de línguas, ginástica, bordado, vôlei, yoga e muito mais. 

Palmira Mariano não abre mão de frequentar o centro. Com histórico de depressão e obesidade mórbida, foi no trabalho manual, somado ao acompanhamento médico, que ela reencontrou a alegria de viver. "Eu vivia comendo e chorando, e não sabia nem pegar na agulha. Hoje estou bem e faço até presente para a família", conta ela, enquanto mostra os caminhos de mesa de crochê que confeccionou.

"Como somos especializados, nós temos um olhar diferente para a população idosa. Outro trabalho que fazemos é de prevenção e diagnóstico precoce de problemas que acometem o idoso", disse o obstetra e diretor-executivo do CRI, Carlos André Uehara.

Qualquer pessoa com 60 anos ou mais pode se inscrever para participar das atividades do CRI. Já o atendimento médico é feito exclusivamente por encaminhamento das UBS.

Maiores informações contate o serviço disponível em:
CRI Norte (R. Augusto Tolle, 978 ou R. Voluntários da Pátria, 4301 - Madaqui,
São Paulo)
(11) 2972.9218/ 2972.9267
convivência@crinorte.org.brwww.crinorte.org.br

terça-feira, 20 de maio de 2014

Governo de SP entrega novo pronto-socorro do Hospital do Servidor

Área física passa de 1,8 mil para 2,9 mil metros quadrados; totalmente moderno, local agora possui características especiais para atendimento à população idosa

O Governo do Estado de São Paulo entregou nesta segunda-feira, 19 de maio, um novo e moderno pronto-socorro no Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) para atendimento aos usuários do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe). O setor foi priorizado no projeto de reforma do hospital, que vem recebendo R$ 146,7 milhões em investimentos do Governo do Estado.

Com a obra, o novo PS passa dos atuais 1.825 m² para 2.900 m² e agora possui características especiais para atendimento à população idosa, incluindo adaptação de consultórios e área física com dimensões adequadas e acessibilidade. Também contará com uma equipe multidisciplinar capacitada para assistência às pessoas com 60 anos ou mais e fluxo de atendimento respeitando os critérios de classificação de risco.

O número de leitos no pronto-socorro sobe de 44 para 53 e o de consultórios médicos, de 15 para 21. A sala de medicação, por sua vez, contará com 32 poltronas (até hoje eram 15) e outros seis leitos de observação. Já as salas de espera passam de 147 lugares para 341 lugares.

Entre os diferenciais do novo espaço estão piso de manta vinílica, portas de correr para facilitar o transporte de cadeiras e macas, bate-macas que auxiliam na segurança dos pacientes, camas com quatro motores que reduzem o risco de quedas dos idosos e banheiros totalmente adaptados, com pisos antiderrapantes.

Além disso, há mais conforto nas enfermarias, com cortinas e cadeiras para acompanhantes, bandejas isotérmicas que mantêm o alimento aquecido e utensílios especialmente desenvolvidos para os idosos (copos mais grossos e resistentes e de coloração diferenciada).


O novo PS possui também salas de pré-consulta, procedimento, assistência social e ultrassonografia, além de duas novas áreas específicas de higienização e um consultório de ginecologia.

"O novo pronto-socorro garantirá as condições ideais de atendimento a todos os pacientes, adequando o espaço ao perfil do público atendido. Trata-se de uma grande conquista para os servidores, seus beneficiários e agregados", afirma o superintendente do Iamspe, Latif Abrão Junior.

O Instituto realizou um treinamento com todos os funcionários do PS para que recebessem orientações e vivenciassem o cotidiano do paciente idoso, com o objetivo de sensibilizá-los quanto à importância de um atendimento especializado e humanizado.

O PS do HSPE realiza atualmente, em média, 20 mil atendimentos por mês, nas especialidades de Clínica Médica, Cirurgia Geral, Ortopedia, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Neurologia, Psiquiatria, Ginecologia e Pediatria.

O hospital também ganhará, em breve, um Centro de Promoção e Proteção à Saúde do Idoso, que contará com serviço de reabilitação física e social para a promoção do envelhecimento saudável e abrigará área de lazer e convivência, cozinha experimental e um anfiteatro para 420 pessoas.

Com a reforma do HSPE, o Centro de Oncologia do hospital terá capacidade operacional ampliada em 25%, passando a realizar cerca de 14,3 mil procedimentos por ano. O número de leitos de UTI Adulto será ampliado, passando dos atuais 52 para 78. Ainda fazem parte do projeto uma nova área da Central de Esterilização de Materiais e um novo Centro de Diagnóstico por Imagem.

O Centro de Diagnóstico por Imagem realiza atualmente 30 mil exames/mês. A modernização das instalações e a melhoria no fluxo de atendimento permitirão aumentar a produção em 20%.

A reforma também garantirá maior confiabilidade para o funcionamento de áreas que não podem estar sujeitas a interrupções de energia, como Centros Cirúrgicos e UTIs.

Ao final das obras, a unidade se tornará referência nacional em assistência médica multidisciplinar a pacientes idosos e o primeiro "Hospital Amigo do Idoso" da América Latina. Hoje, o Iamspe atende 10% da população com 60 anos ou mais de todo o Estado de São Paulo, e 60% dos pacientes internados no HSPE são da terceira idade.

O Instituto já desenvolve projetos voltados a essa faixa etária, a exemplo do Programa de Gerenciamento de Pacientes Crônicos, Prevenir Iamspe e Programa de Atenção ao Idoso (PAI).

Iamspe

O Iamspe, autarquia vinculada à Secretaria de Gestão Pública, tem hoje uma das maiores redes de atendimento em saúde para funcionários públicos do país.

Além do Hospital do Servidor Público Estadual, na capital paulista, possui 17 postos de atendimento próprios no interior, os Ceamas, e disponibiliza assistência em mais de 100 hospitais e 140 laboratórios de análises clínicas e de imagem credenciados pela instituição, beneficiando 1,3 milhão de pessoas em todo o Estado.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Cresce o número de idosos que cuidam de idosos doentes em São Paulo.

Quase 40% das pessoas que cuidam de idosos doentes em São Paulo são também idosas, revelam dados inéditos de um projeto da USP que monitora como os idosos estão envelhecendo na capital.
O fenômeno tem crescido no país e é atribuído ao processo de envelhecimento populacional, 'as famílias com menos filhos e 'a maior presença de mulher no mercado de trabalho, o que diminui a oferta do cuidado em casa.
Em amostra de 362 cuidadores de idosos em estudos pela USP, 38% tem mais de 60 anos. A maioria (75%) é mulher ou filha (o) do idoso.

"A gente chega na sala de geriatria e não sabe quem é o paciente e quem é o cuidador, ambos são idosos", diz Naira Dutra Lemos, assistente social da disciplina de geriatria da Unifesp.

A preocupação dos especialistas é que muitos cuidadores idosos também precisam de atenção 'a saúde, mas estão desassistidos pelas famílias e pelo poder publico.
Em Portugal, por exemplo, o governo garante ao cuidador três meses intercalados de férias por ano, no período, o idoso doente fica sob cuidados de uma instituição paga com recursos públicos.
"No Brasil, o que a gente vê são muitas vezes é o cuidador morrer antes do idoso cuidado", afirma a enfermeira Ieda Duarte, professora da USP e uma das coordenadoras do projeto Sabe (Saúde, Bem-estar, e Envelhecimento).

Segundo a literatura médica, cuidadores familiares idosos, tem o dobro de risco de contrair doenças físicas e psicológicas em relação á população idosa em geral. Além do prejuízo á saúde, Ieda alerta que a assistência ao idoso doente também pode ficar negligenciada, segunda ela, nessas circunstâncias só 30% das necessidades de cuidado são atendidas. "Ele faz o que pode."

A geriatra Lyina Kawazoe, da Unifesp, tem a mesma preocupação: "Se ele não consegue cuidar de si próprio, como vai poder cuidar do outro?"

Em São Paulo, vivem 1,4 milhões de idosos acima de 60 anos (12% da população), a maioria tem duas patologias ou mais (80%). Entre 80 e 90 anos, 20% deles apresentam demências - a partir dos 90, a taxa sobe para 40%.

Por conta do aumento da demanda, a Unifesp criou um ambulatório específico para tratar os cuidadores dos idosos acompanhados no serviço de geriatria. conta com quatro médicos, duas assistentes sociais e duas psicóloga e atendente com hora marcada.

"Os cuidadores apresentam uma carga de estresse muito grande e doenças ostearticulares por conta do peso (do idoso doente) e do desgaste da função", afirma Naira Dutra, que defendeu tese de doutorado na Unifesp sobre o tema.

A maioria dos 176 cuidadores que já passaram por lá é mulher (85%) e tem 71 anos em média, o mais velho, o pedreiro aposentado Antonio Joaquim dos Santos, 92 anos, por exemplo, cuida da mulher de 86 anos que tem Alzheimer.
Segundo o projeto USP, 52% dos cuidadores de idosos com problemas cognitivos desempenham sozinho a função há mais de cinco anos.

"Eles vão deixando de ser o que são, descuidam da própria saúde e se tornam o único responsável pela vida do outro", diz Naira.

Também s tornam mais vulneráveis a sintomas como depressão, fadiga, frustração, redução de convívio social e diminuição da autoestima, segundo a psicóloga brasileira Lisneti Maria de Castro, pesquisadora da Universidade de Aveiro (Portugal). A sobrecarga física e emocional também gera sentimentos de raiva, ressentimento e amargura.

"O cuidador pode se transformar numa pessoa intolerante, facilmente irritável, amarga e se distanciar da pessoa de quem cuida". Ela afirma que o apoio social, seja dos outros familiares e de amigos, ou de uma rede de cuidados, aumenta a satisfação em relação á vida.

ESTADO
No congresso brasileiro de geriatria, que aconteceu semana passada em Belém (PA), os especialistas defenderam que os governos criem com urgência alternativas de cuidados para idosos que moram sozinhos ou apenas com cônjuge também idoso.

Cuidadores profissionais pagos pelo Estado ou estímulo financeiro aos cuidadores familiares são algumas delas. "É uma necessidade real e urgente, a grande maioria das famílias não tem recursos para ganhar um cuidador formal", diz Kawazoe. Na Espanha, por exemplo, o governo paga um valor ás famílias, que varia de acordo com o grau de dependência do idoso, quanto maior o grau, maior o subsídio.

Fonte: Claúdia Colluci 

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Informe Epidemiológico Doenças Crônicas Não Transmissíveis (base:08/2013)


As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são caracterizadas por um um conjunto de doenças que não tem envolvimento de agentes infecciosos em sua ocorrência, multiplicidade de fatores de risco comuns, história natural prolongada, grande período de latência, longo curso assintomático com períodos de remissão e exacerbação, podendo levar ao desenvolvimento de incapacidades. As DCNT recebem também a denominação de doenças não infecciosas (BRASIL, 2008).
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) as DCNT compreendem majoritariamente doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e doenças respiratórias crônicas.
Com o envelhecimento da população e o aumento progressivo da esperança de vida no Brasil, os agravos e doenças crônicas não transmissíveis passaram a predominar nas estatísticas de óbitos, especialmente se comparadas com a mortalidade por doenças infecciosas, que tiveram um declínio expressivo.
A partir da década de 60, em vários países, incluindo o Brasil, vem ocorrendo modificações relevantes no padrão demográfico, no perfil de doenças e mortalidade da população. As modificações demográficas caracterizam-se por redução significativa de fertilidade, urbanização crescente, aumento de esperança de vida ao nascer e envelhecimento populacional. As mudanças demográficas tiveram reflexo no perfil epidemiológico, com o declínio das doenças infecciosas, aumento das causas externas (violências e acidentes) e predomínio das doenças crônicas não transmissíveis, representando um dos grandes desafios a serem enfrentados, tanto no âmbito científico, como no das políticas públicas (BRASIL, 2011). 
No Brasil País, ocorre um decréscimo proporcional significativo das doenças infecciosas, principalmente das imune preveníveis, e ao aumento das doenças crônicas e degenerativas. 
Os principais fatores de risco envolvidos, na maior parte dos óbitos causados por essas doenças são: tabagismo, consumo de álcool, obesidade, inatividade física, alimentação inadequada; sendo todos esses fatores considerados modificáveis

Premissas subjacentes e alerta de epidemia:
  • As DCNT são decorrentes do estilo de vida inadequado (não saudável);
  • Estes fatores de risco permanecem ao longo do tempo e no espaço territorial;
  • O estilo de vida das populações em vias de desenvolvimento é fator determinante das DCNT e influencia o seu perfil de morbidade;

Seus efeitos são modificáveis por ações de promoção de saúde

O Ministério da Saúde implantou desde 2006, o sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL). Esta pesquisa anual tem como objetivo principal o monitoramento da frequência e distribuição de fatores de risco para doenças crônicas. Além disso, oferece informações para elaboração de políticas para proteção contra doenças crônicas na população adulta, com idade igual ou superior de 18 anos, sendo realizado nas capitais dos 26 Estados e no Distrito Federal. Mais recentemente o Ministério da Saúde lançou o Plano de Ações Estratégicas para o enfrentamento das DCNT (2011-2022) que define e prioriza as ações e os investimentos necessários para preparar o País para enfrentar as DCNT nos próximos dez anos.

Desafios:
  • As DCNT são as principais produtoras de carga de doença no Brasil e políticas importantes para sua prevenção e controle têm sido implementadas. 
  • A epidemia de obesidade que acomete o mundo, com o consequente crescimento da prevalência de diabetes e hipertensão, ameaça o decréscimo das DCNT.
  • Tendências desfavoráveis na maioria dos fatores de risco mostram a necessidade de ações adicionais ao uso de substâncias potencialmente de risco de promoção e proteção da saúde, especialmente na forma de legislação e regulamentação e daquelas que permitem cuidados crônicos com qualidade.

Quando se analisa as taxas de mortalidade por causas específicas, das DCNT, observa-se um comportamento crescente em todas elas, destacando-se as doenças cerebrovasculares como as de maiores taxas de mortalidade, passando de 34,2/100.000hab em 1997 para 53,6/100.000hab em 2010. Houve um aumento importante das Doenças Hipertensivas (471,2%) passando de 5,2 para 27,9 por 100.000hab, do Diabetes Mellitus (211,2%) passando de 9,8 para 30,5 por 100.000hab, e das Doenças Isquêmicas do Coração (105,6%), passando de 21,5 para 44,2 por 100.000hab; considerando o período de 1997 e 2011

O indicador “Anos Potenciais de Vida Perdidos” (APVP) surgiu para explicar o total de anos de vida perdidos para cada óbito e estimar o tempo de vida que a pessoa deveria ter vivido se não morresse prematuramente. Há um consenso de que, quando a morte ocorre prematuramente, tanto pune o indivíduo numa etapa de vida produtiva, como também priva a coletividade de seu potencial econômico e intelectual.
Nos anos de 2010 e 2011 as neoplasias foram responsáveis por mais de um terço dos APVP (46,7%), seguido das doenças do aparelho circulatório (43,7%), das DCNT. Por outro lado, não foram percebidas alterações importantes nos APVP nos dois anos avaliados

Fatores de Risco e de Proteção

Os dados apresentados pelo VIGITEL, apontam para um aumento consistente na prevalência do excesso de peso, passando de 42,2% em 2006 para 53,7% no ano de 2011.O consumo de álcool apresentou um aumento no ano de 2009, retornando ao patamar de 17,3% no ano de 2011. Por outro lado, há uma importante redução do sedentarismo, que passou de 31,4% em 2006, para 14,6% no ano de 2011. O mesmo ocorreu com o tabagismo que reduziu de 16,3% para 10,3% em 2011

Os dados do VIGITEL serviram de base, em 2011, para a elaboração do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não -Transmissíveis (2011-2022). Além disso, foi possível prever uma série de medidas para reduzir as internações e mortes prematuras por tais doenças, promover também ações que incentivam a incorporação de hábitos saudáveis.
Em relação à situação das DCNT apresentada, alguns aspectos merecem uma reflexão, no sentido de promover ações preventivas que possam impactar na saúde da população e com isso, reduzir as altas taxas de morbimortalidade. Fica evidente a necessidade de se investir na sua prevenção, que envolve, sobretudo, ações estratégicas intersetoriais de promoção de alimentação saudável, atividades físicas, culturais, redução do consumo de álcool e cigarro. Por outro lado, o acesso à atenção básica de qualidade e à atenção especializada deve ser implementada, no sentido de se evitar as mortes prematuras, favorecendo a continuidade do cuidado, além da integralidade na atenção ao paciente