terça-feira, 26 de junho de 2012

Tristeza ou Depressão



Quando me formei em Enfermagem, bem como nos primeiros anos de formado, com facilidade fazia o diagnóstico de “Depressão”. Fui ficando mais maduro e mais velho. Com o passar do tempo, passei a ter cada vez mais dificuldade em saber quem apresentava uma doença chamada “Depressão” e quem tinha apenas tristeza e desânimo passageiro. 


O que chamamos de “tristeza”, com suas variantes ligadas às emoções negativas (ruins), como o medo, ansiedade, culpa, desespero (emoções relacionadas ao sofrimento, isto é, desagradáveis), formam mapas com uma determinada configuração de um estado mental. O mesmo ocorre com o que chamamos “alegria” e suas variantes ligadas às emoções positivas (boas): ânimo, coragem, tranquilidade, segurança, etc.


As emoções são, resumidamente, os motores que buscam restaurar o equilíbrio e a harmonia perdida por instantes pelo organismo. Não se referem necessariamente à harmonia ou ao desacordo dos objetos e das situações exteriores (as do lado de fora do organismo), embora seja evidente que também o podem fazer: as emoções dizem respeito à harmonia e à desarmonia que ocorrem no interior do corpo.


Todos nós já convivemos com a “depressão” e com outras emoções negativas (medo, raiva, ansiedade, pânico, vergonha, ciúme, etc.), seja por ho­ras, dias, meses ou anos. A maior parte das pessoas entra e sai da “depressão” e de outras emoções desagradáveis com relativa facilidade, utilizando recursos próprios, quase sempre de maneira automática, se não usar nenhuma estratégia para reequilibrar o desarranjo ocorrido no seu estado emocional. A tristeza, inicialmente simples e leve, pode, pouco a pouco ou rapidamente, se tornar um transtorno depressivo, isto é, atingindo várias partes de seus sistemas corporais. Ela poderá, por exemplo, faltar ao serviço, perder o sono, alime­tar-se mal, passar a não se cuidar, agredir as pessoas ao seu redor afastando-as do seu convívio, etc. Desse modo, diversas atividades antes saudáveis e importantes fontes de prazer ou de calma, desaparecem do seu modo de viver.


A depressão é um transtorno emocional ou do afeto, como o próprio nome indica, mas que pode ter repercussões graves e sérias no relacionamento social, pois produz perturbações cognitivas, psi­comotoras, psicofisiológicas e ainda facilita a instalação da maioria, senão de todas as doenças orgânicas, pela diminuição das defesas imunitárias. Convém lembrar que algumas depressões parecem originar-se primariamente de distúrbios bioquímicos e, posteriormente, originam perturbações psicológicas. Por outro lado, certas depressões têm como causas iniciais transtornos psicológicos e sociais, ocor­rendo, posteriormente, as modificações bioquímicas.


O quadro da Depressão é o mais variável possível, de acordo com a personalidade da pessoa deprimida. Da mesma forma que cada um de nós reage diferente aos sentimentos, cada um terá uma maneira pessoal de manifestar sua Depressão. Há pessoas que ficam caladas diante das suas preocupações, outras choram, outras contam suas dificuldades para todo mundo, outras sentem dor de estômago, alguns têm aumento da pressão arterial, enfim, cada um reagirá diferentemente diante de suas emoções.

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